quarta-feira, dezembro 05, 2012

O ínicio do Advento + uma série de coisas que ficaram por dizer

Anunciação, Botticelli, no Metropolitan Museum of Art, em Nova Iorque.

O Advento começou este Domingo, no término do tempo comum. Este Domingo esteve incluido na campanha de Natal do Banco Alimentar Contra a Fome, o que me leva à primeira coisa que ficou por dizer: Isabel Jonet, Allez Allez! (tenho de fazer uma t-shirt com esta frase). O tempo do Advento é o tempo próprio para prepararmos a alma para a vinda do Salvador; através da oração e da sintonia com o projecto de Deus para cada um de nós, o que me leva à segunda coisa que ficou por dizer: Obviamente que estou do lado dos polícias no dia do apedrejamento em São Bento. A última coisa por dizer é que o Tiago lançou um maravilhoso disco chamado Amamos Duvall, coisa perfeita para este tempo de purificação. 


segunda-feira, novembro 05, 2012

Venha a mim o seu ódio



Simpatizo com o Obama, o tipo parece genuinamente empenhado naquilo a que se propôs e desejo que ele ganhe, sobretudo que ganhe um rijo par de tomates; agora é o momento, mais do que nunca, na História, de dizer, como Roosevelt disse: Eles [os banqueiros] são unânimes no ódio que me têm e eu, de braços abertos, acolho o seu ódio.
(Suspiro) Quem poderá parafraseá-lo aqui, em Portugal?

sexta-feira, novembro 02, 2012

Dia de Finados

 Bernard Pierre Wolff, Túmulo da família Appiani, Cemitério Monumental de Staglieno, Génova, Itália

quinta-feira, novembro 01, 2012

Dia de Todos Os Santos

Giotto, Madona de Todos Os Santos, Galeria Uffizi, Florença, Itália

quarta-feira, outubro 31, 2012

31 de Outubro em Portugal e no mundo

O internacionalismo, essa praga maldita que nos vai destruindo desde que começámos a importar modelos estrangeiros para o nosso País, ou seja, desde que D. João V se armou em Rei Sol e mais tarde D. Pedro abraçado às ideias Napoleónicas (essa "santíssima trindade" da qual só interessa a Liberdade) , enquanto os franceses destruiam as nossas Igrejas e violavam as nossas mulheres, outorgou a Carta Constitucional de 1826, ganha, hoje, contornos especialmente mórbidos. 
A noite das bruxas, ou halloween, como lhes chamam os americanos (e os portugueses também), para além da óbvia ode ao consumismo em qualquer montra do Príncipe Real ao Guimarães Shopping, transforma um dos nossos mais belos feriados, o nosso dia de finados (na verdade o dia de finados é dia 2 de Novembro, mas não é feriado), num dia próprio para se ressacar.
Dia De Todos Os Santos: haverá dia no mundo com título mais bonito? A 1 de Novembro, para além de prestarmos homenagem aos nossos mortos celebramos todos os Santos, os canonizados e os não canonizados, os aclamados, os por aclamar, os conhecidos e os desconhecidos e todos os mártires da Igreja. Fico triste, mas sobretudo com uma tremenda pica para continuar a fazer o que tenho feito, é que eu sou de um país cujo futuro está alavancado na sua memória colectiva.

O Samuel Úria é que sabe o que diz, este é o único Halloween que se devia festejar em Portugal:


A Memória, o Ladrão e o Suporte Básico de Vida segundo o Tiago Pereira

Conheci o Tiago Pereira no myspace - essa moribunda rede social que em tempos de glória foi ponto de encontro e verdadeiro carburante de uma nova e empenhada geração de músicos e afins - através da sua insana actividade diária. Estamos a falar de comentários em tudo o que é perfil de artista e de dezenas de vídeos apresentando exóticas senhoras de idade, remisturadas a versar coisas em português. O Tiago parecia-me um bicho esquisito (coisa que mais tarde, na nossa amizade, confirmei ser verdade), empenhado numa qualquer causa bizarra que não me apetecia muito descobrir. Depois veio a Tradição Oral Contemporânea, em 2008, e, mesmo antes de ver o filme, só pelo título, apurei com mais exactidão a substância da bizarria com que, meia volta, me deparava no myspace. Comecei a admirar o Tiago, por algumas coincidências entre a sua e a minha narrativa e pelo impulso danado e urgente que o estrutura, coisa que comigo também vai sendo assim. Conhecemos-nos entretanto, já não me lembro muito bem como, e foi pelas suas mãos que saiu o mais bonito videograma dos Golpes até à data (número 100 da Música Portuguesa A Gostar Dela Própria, vão ver, é a canção Embarcadiço). Mais tarde trabalhámos juntos numa encomenda que Guimarães Capital Europeia da Cultura lhe fez, o filme Vamos Tocar Todos Juntos Para Ouvirmos Melhor, um portento visual e sonoro que até à data não tem sido lá muito visto; à parte esse pormenor foram uns dias especialmente brilhantes a interagir musicalmente com a malta da música tradicional do Vale do Ave (lugar em relação ao qual sou bastante afecto). 
Para quem não sabe, a vida do Tiago é essa mesmo, um labor diário, de uma extraordinária intensidade, por esse Portugal a dentro a recolher música. Toda a música. Com especial foco naquilo que vai definhando (falo da música tradicional portuguesa), para depois usar, misturar, remisturar. O Tiago é um arquivista, um intrépido defensor da memória, um resistente (enquanto escrevo este texto está o Tiago a partilhar no facebook o trabalho que está, agora mesmo, a fazer na Terceira). São logo três coisas que prezo com muito, muito valor: Memória, Arquivo, Resistência; e não sou só eu, vão ver o Elogio do Amor do Godard e perceberão melhor aquilo a que me refiro. 
Ontem, quando começava uma viagem Caldas de Vizela-Lisboa, deparo-me com um velho, de boina, à conversa com outro, ligeiramente mais novo, gordo, de bigode e camisolão de lã, encostados a um rail de segurança mesmo antes de uma portagem. A imagem colou-se ao pensamento e foi num ápice que me apercebi "Isto vai morrer". A imagem promove bem esta ideia: o novo e o velho, o progresso a engolir a tradição, etc., etc.. E essa ideia, "Isto vai morrer" atormentou-me especialmente... parece que li ali com as letras todas a certidão de óbito de Portugal. Coisa que intu?i desde há uns bons anos para cá, mas que nunca me tinha surgido tão evidente. Para o Tiago isto tornou-se claro há mais tempo e o seu trabalho é uma verdadeira tentativa de ressuscitação cardiopulmonar do nosso país. É que já nem é a auto-estrada a engolir a paisagem, já não são os incêndios de Verão ou o internacionalismo que domina a generalidade dos portugueses, é mais do que isso, é chegar à conclusão que não há ninguém para prosseguir aquela conversa à porta da auto-estrada. Não há ninguém! O banco de suplentes está vazio e os jogadores vão se retirando a pouco e pouco.
Não sei se sabem o nome de Portugal, mas Portugal não se chama Portugal, chama-se República Portuguesa desde que assassinaram o Rei Dom Carlos. É isto que se passa: vamos sendo roubados, destituídos, alienados. Esta crise representa muito mais do que a perda de coisas seculares (Lençóis amarelecem, gravatas puem, / a barba cresce, cai, os dentes caem, / os braços caem, / (...) as coisas caem, caem, caem, Carlos Drummond de Andrade, Indicações), esta crise traz com ela o anúncio da morte da nossa alma colectiva. Acabou. A eternidade foi chutada para canto. 

Ah, mas onde é que estão / As aldeias todas / Não veio o ladrão / Já não há pessoas? Madredeus, O Ladrão.

segunda-feira, outubro 29, 2012

Sempre fui outonal

Sempre fui Outonal. Todas as outras estações passo-as como um turista, meio desligado acho eu. Se calhar estou a exagerar, mas é uma maneira de dizer que todos os Outubros chego sempre a casa. Um lugar cujos códigos domino e posso desprezar. É isso, Outono é chegar a casa: o dia de todos os Santos, o Verão de São Martinho, cachecóis e estradas semi-nuas com árvores de folhas com cores a estalar. Por isso há conforto nesta altura do ano, mesmo que doa.


Já viram esta fotografia que eu tirei? 
Poderia bem passar como contracapa de um disco dos Red House Painters. 
Continuo a ser um bocado Red House Painters, acho que esta entrada é para falar sobre isso.

sexta-feira, outubro 26, 2012

Ofício diário




Pelo que é necessário fazer-nos indiferentes a todas as coisas criadas, em tudo o que é concedido à liberdade do nosso livre arbítrio, e não lhe está proibido. 
De tal maneira que, da nossa parte, não queiramos mais saúde que doença, riqueza que pobreza, honra que desonra, vida longa que breve, e, assim por diante em tudo o mais somente desejando e escolhendo o que mais nos conduz para o fim que somos criados.

Santo Inácio de Loyola, excerto dos Exercícios Espirituais

quarta-feira, outubro 24, 2012

Breve apontamento acerca da vontade em seguir Jesus

Percorri todos os corredores do pomar das laranjeiras na Sua companhia, afundei os pés nos buracos das toupeiras, dei com a cabeça nos galhos dos ramos das árvores, tropecei em calhaus disfarçados de terra e em calhaus que não se disfarçavam de nada. Alegre na Sua companhia. Fiz várias piscinas no pomar das laranjeiras, fui e voltei, para, de novo, me sentar no lugar do paralítico.

Entretanto os Dead Can Dance tocam no Porto. Eu gosto dos Dead Can Dance.

  

segunda-feira, outubro 22, 2012

Um caminho português II


Não escrevo aqui desde 1 de Dezembro de 2011. Praticamente um ano depois estou de regresso. Trago um disco novo e as mesmas palavras. Esta é a primeira canção desse disco. O disco chama-se "Manuel Fúria Contempla Os Lírios Do Campo" e tem data de edição para dia 28 de Janeiro.