terça-feira, julho 19, 2011

Notas

Uma montanha por cumprir, solidões por agrupar. O país do anúncio, diferente daquele que guardamos na memória mas que existe no precipício da esperança.
Manuel Fúria


Dá-me a voz das pedras, das pedras dá-me a voz
Não largar a festa, não largar a foz
Tenho um arcaboiço e uma faca afiada
Mas ainda não sou 
Os Velhos


Cada artista vem ao mundo para dizer só uma coisa, une seule toute petite chose. É só isso o que tem de encontrar, agrupando tudo o resto em redor dela. 
Paul Claudel

segunda-feira, julho 18, 2011

Desejo de uma magna reunião de cacos de porcelana



Sim, desejo de modo intenso que os Heróis do Mar se juntem para um concerto. Mesmo muito. E já agora a Madredeus com a Teresa Salgueiro, acordeão e violoncelo. Apesar de óbvio é importante que o diga assim, para inglês ver.

sexta-feira, julho 15, 2011

O tempo está do meu lado

Não acredito nos revivalismos, do mesmo modo que não acredito na República: a coisa até se faz, mas soa farsola. Reitero: tudo vem do passado, do futuro e do presente, sem distinção aparente, 3-2-1, já!
O tempo é meu e está do meu lado, tal qual Mick Jagger o canta. Tenho quantos anos quiser, vivo no ano que for preciso, ando perdido pela História. Das coisas do homem e das coisas de Deus. 

A primeira categoria da consciência histórica não é a memória ou a lembrança: é o anúncio, a expectativa, a promessa. F. Nietzsche

quinta-feira, julho 14, 2011

Aos Vivos

Na semana transacta festejámos forte e feio no Optimus Alive. Amor Fúria Aos Vivos foi o nome do evento que organizámos num dos palcos do festival. Concorremos com os Coldplay, imaginem... não basta serem bimbos, são também extremamente populares. Não passa nada, tranquilos, olhar fixo no horizonte. O Verão Azul, Asterisco Cardinal Bomba Caveira, O Deserto Branco, Manuel Fúria e os Náufragos, SALTO, Smix Smox Smux, Feromona, Os Capitães da Areia, Velhos e ainda Rui Pregal da Cunha, Golpes e Gonçalo Mendonça nos pratos dos discos. C'um caraças... A verdade é que há 4 anos atrás ninguém adivinharia tal coisa, quer dizer, dentro do perfil megalómano de alguns de nós passou isso e muito mais, muito mais. Agora, acção de graças; é coisa boa sentir que aquilo que se escreve no calor da mocidade pode ter correspondência concreta no tempo: um exército de rapazes e raparigas de caras e almas pintadas, pronto a transformar as emoções colectivas num momento partilhável pelas multidões. É coisa boa saber que ainda está tudo a começar. É coisa boa saber que se vai cumprindo o que está por cumprir.

Agora fiquem com o Vinny Reilly e com alguma coisa do tempo estival que os dias estão para isso.

Imagens e som em movimento para promover o segundo disco que assino em nome próprio.


 Depois de Manuel Fúria apresenta As Aventuras do Homem Arranha de 2008, segue-se Manuel Fúria Contempla Os Lírios do CampoA sair para o comércio da especialidade no último trimestre de 2011 através da Amor Fúria, Companhia de Discos do Campo Grande
A coisa foi filmada pelo Frederico Torres Pereira na primeira apresentação de Manuel Fúria com os Náufragos. No Promontório, em Lisboa.

quarta-feira, julho 13, 2011

sexta-feira, abril 29, 2011

Pequenas maravilhas que adquiro em bombas de gasolina deste nosso Portugal #2

A2
Sentido Sul-Norte
Área de Serviço de Alcochete


 Manuela Moura Guedes
Alibi
1982
    6,95 €

composto, tocado e produzido pelos GNR.
Parece fácil.

segunda-feira, abril 18, 2011

Da Cidade Trovoada



Eu avisei que estávamos na Primavera e o Verão ainda não chegou. Viva Chuva.

quarta-feira, abril 13, 2011

pequena nota

O post anterior contém citações retiradas de uma biografia que ando a ler. É também inspirado no carácter do personagem em causa. A biografia é escrita pelo Ian Kershaw. A personagem é o Adolfo Hitler. Serve, também, para ilustrar a canção que vai assim: Em cada cinco pessoas / há sempre seis ou sete ditadores. Tiago Guillul.

Coisas que irritam #14 (em exibição no Chiado)

A orgulhosa ostentação de múltiplos lugares-comuns em relação à cultura geral e à arte. O sabe-tudo opinioso. O modo insinuante e a candidez em sociedade. Os maneirismos exagerados, a cortesia desmesurada e afectada. A deselegância e insegurança palavrosa. Os erros ortográficos em voz alta. A vontade afirmativa demolida numa inevitável, palpável e estupenda banalidade.

De volta

quinta-feira, fevereiro 10, 2011

Primeiro passo

A possibilidade de encontrar reminiscências da verdade na comunidade em que nos inserimos, na nossa rua, na nossa vila, no nosso país, é um facto e parte, apenas e só, da disponibilidade interior para nos descentrarmos do umbigo que a sociedade contemporânea insiste, promove e insiste. O mesmo umbigo cuja obsessiva admiração nos faz bater contra as paredes. Tirania hedonista, tirania egocêntrica. Qualquer coisa desse género. Ao assumirmos a transcendência daquilo que somos, herdeiros de histórias, produto de séculos, filhos, netos e bisnetos de uma invenção bem mais larga que nós, damos o primeiro e certeiro passo em direcção ao que realmente nos consome e faz arder por dentro e por fora. O primeiro passo em direcção à verdade. É preciso dizer eu não sou eu, mas o outro, é necessário situarmos-nos de novo num lugar comum, o lugar de toda as pessoas que partilham as mesmas histórias, o mesmo peso, os mesmos avós. Chamemos-lhe pátria. Chamemos-lhe casa. Chamemos-lhe amor.
Mas o largo horizonte daquele que tem fé, a propensão mística de uma certa cristandade dá um segundo e importante passo. O da consciência da finitude. Da consciência que nada, nem mesmo nós somos propriedade seja de quem for - o nosso corpo não é nosso, mas um empréstimo a longo prazo se soubermos estar à altura da sua esplêndida arquitectura. Da assunção de que este estágio não é senão um treino para algo maior, algo que realmente nos transcende e que ansiamos com ardor. 

E se a pátria acabar? A pátria de um cristão não é deste mundo. Um cristão deve sacrificar a pátria à verdade.

Não depende da nossa vontade esse imortal desígnio, e a questão de Miguel de Unamuno é derradeira lição de insignificância. Mas antes, repito, dá-se o primeiro passo.

Escolhi a vida das bandas, também, por causa disto, 

quinta-feira, fevereiro 03, 2011

Cedência

Um verdadeiro cristão troca a Pátria pela Verdade. Sem pestanejar. 
(voltarei a isto mais tarde)

A Agonia do Cristianismo do Miguel de Unamuno volta a fazer parte da agenda do dia.

domingo, janeiro 23, 2011

Pequenas maravilhas que adquiro em bombas de gasolina deste nosso Portugal

A1 
Estação de Serviço de Pombal
Sentido Norte Sul


João Peste e Acidoxibordel
1990
3,80€
Viva o Rei!

quarta-feira, janeiro 19, 2011

Institucional 4

sexta-feira, janeiro 14, 2011

AS61

Já tinha escrito aqui há uns tempos acerca do António Sérgio. Esta é a transposição visual da coisa. A propósito dos 61 anos que hoje celebramos no São Jorge. Dead Combo, Os Golpes, Linda Martini, Peste e Sida, Moonspell, Xutos e Pontapés. Chiça!

quarta-feira, janeiro 12, 2011

Tempos de crise (com Leonard Cohen na estereofonia)

Muitas vezes regressou ao princípio das suas intenções. Muitas vezes pesou o mundo na mão esquerda e ,cega, a diligência na mão direita. Mas os pobres continuaram pobres e os ricos enriqueceram. Mas automóvel vazava combustível e o condutor cantarolava em uníssono fm.

segunda-feira, janeiro 10, 2011

Tutoriais

Aprendi com a experiência que as tomadas de decisão, as resoluções, os planos que se constroem têm mil vezes mais força quando lhes aquecemos as costas com a canção certa e o teledisco certo.

sexta-feira, janeiro 07, 2011

Esqueci-me de avisar...

...deste artigo.

Esclarecimento alquímico

Não é o meu papel procurar inventar a invenção da pólvora. É que as suas propriedades são de tal ordem pujantes que aquilo que me coube foi a sua intrépida defesa. Nem que para isso seja precisa a invenção dos mais variados mecanismos. Uma canção, por exemplo. 

segunda-feira, janeiro 03, 2011

2010 - O Momento

Aos 38 segundos, o instante que me regista a engraxar os sapatos ao Rui Pregal da Cunha. Haverá maior gesto de reverência?

quinta-feira, dezembro 30, 2010

A minha lista de 2010

Alguns discos e a tradução de um monumento
(porque o cinema esteve cadavérico):





2010 em frases curtas

Deus lançou sobre mim alguma Graça neste ano que passou. Para além da pujança dos Golpes, onde milito, ainda tive a alegria de começar o processo d'Os Lírios Do Campo e de ter produzido um disco que se espera ser um dos grandes do ano que começa em breve. Estou a falar do disco dos Velhos como é óbvio. Não deixei de fumar. Conheci muitas pessoas novas e travei amizades com algumas delas. Cantei ao lado do vocalista da melhor banda portuguesa de sempre, trabalhei com o melhor técnico de som de Portugal e ilhas. Fui reconhecido por um dos empregados do café da esquina da minha rua por ter ido a um programa de televisão da TVI. No seio da Amor Fúria ajudei a editar 5 belos discos em 365 dias, um deles uma compilação com 11 títulos de 11 entidades criativas. Fui tocar ao Coliseu - onde vi o Nick Cave, os Sonic Youth com e sem Jim O'Rourke, os Tindersticks e os Violent Femmes - e voltei para casa a seguir. Descobri coisas novas mesmo boas como os Capitão Fausto ou as Pega Monstro. Fiz demasiados planos e concretizei alguns. 

E mesmo, mesmo a fechar o ano agradeço ao Francisco Xavier, vocalista dos Velhos, por me ter devolvido a paciência para o Tom Petty e os Quebra Corações. Para o ano há mais. Muito mais.


como é óbvio a escolha da canção não é inocente

quarta-feira, dezembro 29, 2010

Intimidade ii

estrada velha
casa antiga
pus o dedo na tua ferida

do cancioneiro dos Capitães da Areia

Intimidade i



Não está em meu poder a possibilidade de escapar a esta intimidade com uma certa ideia de Portugal. É uma associação recíproca entre o sujeito da canção e as ruínas que restam de um país que não é o da Selecção Nacional de Futebol, nem do Tomás Taveira, nem dos centros-comerciais-que-são-os-maiores-da-península. É de outra ordem e é possível encontra-lo nesses lugares ondes os homens jogam cartas e falam pouco, onde o porco é morto em família, onde a maquinaria das coisas reserva-se a não alinhar com uma certa ideia de progresso.

segunda-feira, dezembro 27, 2010

A cruz que me foi entregue

Não será tanto uma inclinação patriótica como ideia de uma disposição serviçal, discricionária, indiferenciada aos desígnios da nação, mas antes qualquer coisa mais próxima dos versos de Alexandre O'Neill no poema Portugal (Feira Cabisbaixa, 1965): "Portugal: questão que eu tenho comigo mesmo, / golpe até ao osso, (...) meu remorso, / meu remorso de todos nós...". 

sexta-feira, dezembro 24, 2010

terça-feira, dezembro 21, 2010




O problema da redenção jaz decerto na cratera que toma o lugar do corpo do homem perdido.

Julião Martinho 

terça-feira, novembro 23, 2010

Não ser

Por vezes estou letárgico, dúbio, indiferente.
Pairo sobre tudo e nada, vegeto, sobrevivo,
existo
e não sou.
Então, o tempo também não passa.
Invento aquilo que sou capaz, o que é pouco
e portanto não me satisfaz.
A minha noção das coisas é difusa, obtusa, 
rasa a realidade
mas está aquém,
ou, digo bem,
além,
na semi-obscuridade da neblina,
em que repousam indiferentes os seres cansados de não ser.

Gil Teixeira

quinta-feira, novembro 11, 2010

Coisas que irritam #13

Malta que arruma discos dos Joy Division ao lado dos discos dos Velvet Underground.

terça-feira, novembro 09, 2010

Os meus sonhos pope




É que a minha relação com a música pope é sobretudo emocional. Uma torrente de Amor e seus derivados. O que vale de mim a aguda noção de pertença ou a fuga armada em direcção a um sentido comunitário? Não faço ideia.

sexta-feira, novembro 05, 2010

Segundo Postal Para Os Músicos Portugueses


A grande diferença entre a música pope feita hoje em Portugal e a da década de 1980 é que hoje o fosso entre a coisa marginal e a coisa mais popular é muitíssimo maior. A densidade desse buraco está também ligada às formas que a coisa marginal insiste em colocar em causa.

quinta-feira, novembro 04, 2010

A Verdade Nacional! surge porque a prótese dentária que colocaram 
na boca de Portugal não substitui o marfim que sonhamos para ele.

quarta-feira, novembro 03, 2010

Nome

Eu gosto de rótulos. É uma maneira simples e fácil de organizar o mundo. Poupam-se mal entendidos embora se criem outros, mas esses têm piada, ou pelo menos dão alguma pica. Por isso tenho tentado dar um título, mais ou menos pomposo, à visão que tenho das coisas do mundo. Depois de duas tentativas mais ou menos infelizes acredito ter encontrado o rótulo mais adequado. Provavelmente diria para não se assustarem mas dá-me um certo gozo provocar reacções fortes. 

terça-feira, novembro 02, 2010

Viriato 25


A relação que tenho com o António Sérgio é algo mais ou menos distante e está situada em primeiro lugar na minha infância através da mediação do meu irmão e irmã mais velhos que ouviam e gravavam cassetes do Som Da Frente. Recordo ainda o efeito que esses programas  tiveram no meu irmão que com 15 anos chegou a ter um programa na Rádio Voz Ponte Velha, (durou 2 modestas emissões) chamado Orifício, no qual se passavam discos do Marco Paulo em rotações erradas, Pixies e ainda alguma maledicência apontada à comunidade Tirsense. A partir da minha infância mais tardia comecei a consumir os tais registos e foi, também, através deles que o meu repertório musical interior se foi consolidando. Lembro precisamente a primeira vez que ouvi a canção Saudade dos Love and Rockets numa dessas gravações e por isso vou pô-la a tocar.

segunda-feira, novembro 01, 2010

quarta-feira, outubro 13, 2010

Cidade Capital

sexta-feira, outubro 08, 2010

A Língua Da Tua Mãe

 com certeza que escolho uma imagem com um belo par de patilhas

O Mário Vargas Llosa é o novo prémio nobel da literatura e disse assim. 
Não sou apenas eu que recebo este prémio, 
é também a língua em que escrevo e a minha região.

quinta-feira, setembro 30, 2010

Só para avisar aqueles que poderão estar interessados que o processo d'Os Lírios Do Campo está neste momento refém de outras produções prioritárias. O disco em causa voltará à carga em tempo útil. Até lá.
ele alucina, ele inventa
um país diferente, um amor infinito
mártir de toda a gente

anda tudo a acontecer minha gente, tudo a acontecer.

Institucional 3

Institucional 2

Institucional

terça-feira, setembro 07, 2010

Setembro em Évora

Estou com Os Velhos em Évora. Esta será a minha mais comprometida produção musical até à data. Estou na companhia da lenda do som, José Fortes (procurem no google). Aprendo e anseio. Daqui a muitos anos comover-me-hei a ouvir os resultados desta temporada. É que não passa apenas pelo artifício sonoro da edição em causa ser convenientemente amigo de uma sensibilidade neo-realista, mas também passa por aí.

sexta-feira, setembro 03, 2010

Ele sabia que ela era a sua salvação



Fria mas bondosa, glaciar 
racional só que instintiva 
madura mas ainda uma criança 
deste tempo 
de outro tempo 
Muito ingénua, muito agreste. 

Alice, uma rapariga atlântica

a lembrar o primeiro visionamento do  8 1/2

sexta-feira, agosto 20, 2010

Sou de um País

Castelo de Areia
Que o mar aprendeu a respeitar

segunda-feira, agosto 16, 2010

Lírios Do Campo - Dia Dez

Após a avalanche de convidados, o período de captação sonora acalma e passamos a trabalho de computador.
Desta maneira Os Lírios Do Campo encerram a sua actividade por agora. Segunda Volta de gravações para breve. Até lá.

sexta-feira, agosto 13, 2010

Os Lírios Do Campo - Dia Nove



Sol, Azul e Violência. 
Hélio, a Besta, Morais (dos Linda Martini e dos Paus) passou pelos Lírios do Campo e libertou animais selvagens para cima de uma canção chamada Jogo Do Sapo. Estivemos a tarde inteira a descodificar a melhor maneira de revelar a intensidade que se comprime num homem do campo quando está numa cidade grande, como o Júlio d'Os Verdes Anos, encalhado entre a Avenida de Roma e a Estados Unidos da América. Depois ainda cometi a audácia de colocar o Hélio de pantufas a acompanhar uma balada cujo título dá nome ao disco. É obra.

Lírios Do Campo - Dia Oito ("aos vivos")



Regressei às baterias e desta vez foi o Fred dos Orelha Negra, dos Oioai e de mais mil coisas deste nosso Portugal, que me ajudou a animar as guitarras e as palavras. Foi uma tarde com sol, minis, discos dos Beatles e inspirações negras. "Lá Na Aldeia" e "Em Virtude De Um Rio": canções que para celebrar pessoas vivas.

quarta-feira, agosto 11, 2010

Lírios Do Campo - Dias Seis e Sete


O Silas partiu algures para os Algarves. Agora estou apenas eu a gravar, num exercício Brian Wilsoniano só que em pior. Escolhi as canções mais duras para fazer sozinho e a coisa está ser de facto mais difícil. Estas cantigas dão dores de cabeça, não tanto no aspecto formal antes pelas coisas que têm lá dentro. Hoje esteve um dia esplendoroso e eu aqui enfiado. Preciso de luz. Até logo.

segunda-feira, agosto 09, 2010

Lírios Do Campo - Dia Quatro e Cinco



O Montenegro mandou-se para a Mizarela, lá para os lados da Guarda, na Beira Interior, mas deixou algumas das melhores linhas de baixo que ouvi nos últimos tempos. Domingo é para descansar e para agradecer a Deus o privilégio de poder estar a gravar estas músicas, para agradecer os amigos e o seu talento e também as armas que me deu.
Entretanto chegou Silas Ferreira, o Ruim, o Maldito, o Hispânico (Te Voy A Matar, Ninivitas, Pontos Negros) com o seu triste oboé e ideias para samplar velhos êxitos dos Aphrodite's Child. Fortuna a minha de ter um Pai com alguns LPês. 
Isto está cada vez melhor...

sábado, agosto 07, 2010

Lírios Do Campo - Dia Três



A carruagem segue na companhia do Luís Montenegro. O sacana do miúdo é mesmo talentoso. Não só sabe das eletrónicas como tem grande apetência para as melodias. 
Avançámos três cantigas com uma pinta do caraças. A coisa descambou para o lado épico, como é mais ou menos normal nas aventuras que começo, mas a referência é menos Arcade Fire e mais Waterboys (We Will Not Be Lovers). Citação do Luís: Meu, tens de ouvir isto!, filha da mãe dum páuer!
Nos dias que se seguem mais gente deverá parar por aqui. Menos a Miriam Macaia que levou uma cutelada  no dedo mindinho e não consegue segurar no arco. Procuram-se violoncelistas ou viola-gambistas ou viola-arquistas. Alguém?

Lírios Do Campo - Dia Dois


O Martinho voltou para Ponte de Lima, mas deixou um harmónio reverente e um teclado que me casablanqueou completamente uma cantiga bem acelarada (acho que lhe vou chamar "Canção Para Casar Contigo"). 
Quem chegou entretanto foi o prodígio das eletrónicas, Luís Montenegro (na fotografia em cima é o da direita), dos SALTO e dos Klinton Kings. Com ele por cá os Lírios ficam mais próximos das coisas dos novos tempos. 

sexta-feira, agosto 06, 2010

Lírios Do Campo - Dia Um


O som ficou feito e já estão registadas três baterias, à custa da competência do Lucas.
Em virtude de uma investida fluvial pelo Alto Douro teve de se ausentar d'Os Lírios do Campo. 
Hoje chegou o Martinho, do Deserto Branco; esperam-se teclados pim pam pum e reverberação, muita reverberação.

quarta-feira, agosto 04, 2010

Lírios Do Campo - Dia Zero



Chegamos na terça-feira à noite, o dia que precedeu a gravação do novo teledisco d'Os Golpes. 
O plural existe porque conto com a assistência e sensibilidade sónica de Lucas, o baterista místico. Enquanto não está com Os Velhos está por aqui a ajudar. 
Já está tudo montado. 
Começamos a fazer o som hoje, quarta-feira.

quarta-feira, julho 21, 2010

Contemplai os lírios do campo


É Verão e O Inventor está a meio gás.

quinta-feira, julho 08, 2010

Primeiro Postal Para Os Músicos Portugueses



Um dos mais graves defeitos de sucessivas gerações de músicos portugueses, pelo menos até 2008, é a profunda falta de empatia com a inocência que a coisa pope exige, pede, reclama.




Sofro porque existem pessoas que entram nos meus sonhos enquanto durmo. 

Uma delas há já 10 anos que me aparece no sono. 
Estes sonhos perturbam-me porque alteram os meu sentimentos.
 Quando eu sonho perco a razão e sinto coisas que não quero. 
Não quero acordar a gostar dela. 
Nem a querer abraça-la. Nem a sorrir. 
Esse é um erro antigo.
Não quero regredir.




Quando amo alguém faço-o para sempre. 
Mas por várias razões sempre sou obrigado a descontinuar o amor. 
Isso é muito triste.

Vou ter de ganhar coragem e aceitá-la também nos meus sonhos, para sempre...


quarta-feira, julho 07, 2010

Postal para Marcos Barbosa



pisquei várias vezes os olhos
continuando incrédulo perante as suas façanhas
saltos, cambalhotas e piruetas, fintas aos postes no passeio 
e também quedas espalhafatosas aguentadas
na elasticidade do seu corpo
de super herói.

Sou de um País





os capitães da areia, porto côvo, vila do conde, moreira de cónegos, velocípedes órbita, 

ser adolescente e descobrir as coisas pela primeira vez.

sexta-feira, julho 02, 2010

Agenda

Este Domingo pelas 15.00 estarei no Estoril a falar sobre a Verdade Nacional. Aqui. Hã? O quê?

quinta-feira, julho 01, 2010

Sou de um País


arma pronta a disparar o ridículo. Sem medo do ridículo, sem medo do ridículo.

quarta-feira, junho 30, 2010

Chave de Leitura #3


Tinha doze anos e descobriu na prateleira do seu irmão mais velho o "Never Mind The Bollocks" e o "Rude Boy" com o Clash.

segunda-feira, junho 28, 2010

Um fim de tarde particularmente gago

Estive a conversar com a cara Inês Menezes. Está aqui.

sexta-feira, junho 25, 2010

já fui moço 
já sou homem
só me falta ser mulher
Popular

quarta-feira, junho 23, 2010

Chave de Leitura #2



Ele não compreendia que ela tivesse preferido um rapaz que ouvia o Vitalogy em vez do Qualquer Coisa.

terça-feira, junho 22, 2010

Coisas que irritam #12

A construção de uma identidade precária. Ou, de um modo geral, qualquer manifestação de mediocridade.

sexta-feira, junho 18, 2010

Imagino

um lugar a preto e branco, um lugar onde se nasce para correr, um lugar sem vingança.  Nesse lugar é tudo muito alto e há fervor em cada passo ou em cada acorde. Nesse lugar quem manda é o Bruce Springsteen.

quinta-feira, junho 17, 2010

SINOPSE DA VERDADE-NACIONAL!


Ele parte de si próprio. Da sua fundação. Do momento inaugural, a parição da História. Ele não é ele, é todos. Um homem vezes todas as histórias de todas as guerras, de todas as mortes, de todos os sangues, de todos os choros, de todos os dentes arrancados em Portugal, país por concretizar. Regional, coração transparente, extirpa-te das tripas a Pátria encravada e devolve-ta exactamente assim: escarro, sonho, parede pintada que afirma exactamente assim: "É claro que acredito no Quinto Império, porque senão o acto de viver era inútil", quem o diz é o Agostinho da Silva, vais contrariá-lo?

Sou de um País

cuja selecção nacional de futebol é Raça.

quinta-feira, junho 10, 2010

É oficial, o aportuguesamento gráfico roque já é património púbico.

quarta-feira, junho 09, 2010

Tens de acreditar na existência de uma terra do coração 
numa Terra do Coração 
Adrian Borland

segunda-feira, junho 07, 2010

Sou de um país

que não é de cimento (...) cuja canção nacional é o fado, só que ao contrário.

A Canção de Lisboa

A propósito da vinda de Bento XVI a Portugal e do seu discurso perante os agentes culturais no CCB, reparo no séquito que apresenta reverência a Sua Santidade, ainda em cima do palco do Grande Auditório. A representar a música popular portuguesa está a Carminho. Não está o Rui Reininho, nem o Rui Pregal da Cunha, nem o Pedro Ayres Magalhães nem o Tim. Nem sequer a Ana Bacalhau ou o Sérgio Godinho.
Fado, fado, fado: canção de um país endividado.  
Morram os fadistas! 
Queimem as guitarras!
 Com tantas semanas que há para aí, 
porque é que não fazem
 uma semana anti-fado?!

diz o Vasco Santana 
e com razão n'"A Canção de Lisboa"
www.amorfuria.pt

sábado, junho 05, 2010

Razões para uma ausência


 Alguma indisciplina
Avaria informática
 Azar
Outro azar

Conta-me um querido amigo que devemos concentrar-nos no
quão generosos são os momentos em que 
o martelo não bate na cabeça.

Não faço ideia,
 sou um novo Novo Romântico com ambições salteadoras.

O Inventor está de volta à sua actividade regular.

quarta-feira, abril 21, 2010

Chave de Leitura #1

À beira do abismo o homem gritava: Eu não sou eu!
Cá em baixo as pessoas refutavam: Tu és tu!
O homem caiu e as pessoas aperceberam-se que de facto não era ele, era o primo.

terça-feira, abril 20, 2010

ABRIL

Abril é o meu mês. Isto tem a ver com aniversários, com a ilusão de 1974, com dois ou três filmes que vi no cinema e outros tantos que vi na televisão, com as andorinhas, com a chuva que aprendemos a deixar cair, com a fonética da própria palavra: A  BRIIL.
Como todas as coisas boas, Abril é uma ideia, uma boa ideia, por isso nem todos os anos se concretiza e às vezes a sua concretização não acontece necessariamente em Abril. Enuncia-se uma canção do próximo disco d'Os Velhos, é o tempo dos passeios, duas da manhã, noites sem dormir.

Abril, em 2010, é um processo já em curso. 

Sou de um país

que guarda a claridade como um dos seus principais atributos.

segunda-feira, abril 19, 2010

queriam ser Ingleses porque na Inglaterra há Trabalhistas (e uma bela bandeira) queriam ser Americanos porque nos Estados Unidos há Democratas (e uma bela bandeira) queriam ser da Cultura Popular sem se sentirem estrangulados pelo inexorável juíz da Esquerda Intelectual do seu país em Portugal queriam cantar, dançar e eventualmente partir uns vidros formaram uma banda e chamaram-lhe "LEGIÃO ESTRANGEIRA" todos os elementos do agrupamento, sem excepção, estranharam tão boa recepção por parte dos sectores da especialidade aborrecidos com tanto consenso apontaram um caminho situacionista a ver se a coisa icendiava durante um tempo usaram o nome "OS PORTAS" que abandonaram por serem tomados por número de revista

 continua

Um Novo Mandamento

Não referirás Os Strokes para situares uma banda que conheces mal e porcamente.

terça-feira, abril 06, 2010

Vinte e Sete

  1. a idade da Janis Joplin;
  2. uma geração de poetas espanhóis;
  3. a idade do Jim Morrison;
  4. uma série de filmes de um grande amigo;
  5. a idade do Jimmy Hendrix;
  6. a idade do Kurt Cobain;
  7. menos um número, antes uma vocação.

segunda-feira, abril 05, 2010

A segunda-feira que sucede o Domingo de Páscoa

O primeiro passo é dado na margem citerior, de olhos colocados no lado de lá e depois compreende-se:
A narrativa Bíblica, da História, do quotidiano ou das coisas por acontecer, é clara:
A liça está sempre aberta:
Não há senão começos:


domingo, abril 04, 2010

O meu catolicismo

está já tão entranhado, que em plena A1, atropelei um coelho no Domingo de Páscoa. Rituais pagãos tremei!

A veracidade dos factos, aliada à coicidência das circunstâncias validam a escrita de um postal no Domingo de Páscoa.

sábado, abril 03, 2010

quinta-feira, abril 01, 2010

Panfleto

A relação entre a canção, o real e a ficção, encontra sustento numa inevitável atracção magnética. Na torrente rítmica de uma expressão cantada deverá ser considerada a plausibilidade de pesadas gotas de sangue ou outras flores, de outras cores.

quarta-feira, março 31, 2010

O Melhor Álbum Dos Anos Zeros

é este: A Ghost Is Born, em português, Nasceu Um Fantasma - WILCO. 


Está tudo certo neste disco: épicas nostálgicas progressões, canções pope directas, aguçadas e a brilhar, roque lixado desempoeirado pronto para partir todos os vidros de todas as casas, durações animais; e depois as ligações estéticas completamente ao rubro: o country e toda a americana, o vanguardismo de Chicago via Jim O'Rourke (que é o meu produtor preferido), o roque ene role que se fazia sentir em Nova Iorque e em todo o lado.

Ele faz-me improvisar segundas vozes sem eu me aperceber, ele é portador da derradeira verdade da ideia do álbum: um conjunto de canções reunidas num objecto que tem uma capa, uma intenção, e que acrescenta mundivisão. Sim, disse mundivisão.

sábado, março 27, 2010



quinta-feira, março 25, 2010

Expressões Idiomáticas

Nunca perceberei o Hip Hop (circunstâncias de ser católico menino branco), mas há rimas de valor. Rimas com muito valor. Como esta que nunca saiu do meu espírito e cuja permanência por aqui lhe adicionou um carácter proverbial.

Quanto mais o tempo passa, mais hipóteses de ressaca.


Coisas Que Irritam #11

Confundir Humildade com Auto-Flagelação. Quero dizer: aquela linha joão-pedro-pais-tenham-pena-de-mim-que-sou-um-coitadinho.

Coisas Que Irritam #10 (ou das vicissitudes do quotidiano de um rapaz solteiro)

Ser forçado a colocar água no interior do recipiente de modo a conseguir obter mais champô.

terça-feira, março 23, 2010




Equinócio legendado

Não compreendes que a Primavera renova todas as nossas intenções?
Se estivesse unido contigo em matrimónio festejá-lo-ia neste dia.
A sério.

sexta-feira, março 19, 2010

Portugal, Seu Amor

Estar de frente sempre de frente de frente sempre para o mar atlântico! 
(é que o meu amor está no lugar onde me ergui)

Apesar da sua face estar virada para a Europa, este sítio prova a possibilidade de uma compatibilidade ideológica (é que o seu amor está no lugar onde se ergue).

quinta-feira, março 18, 2010

Sou De Um País

encerrado num mistério atlântico.

Panfleto

  1.                   que celebre a vida, um cinema vivo;
  2.                   que não tenha de ser bom, tenha de ser sério;
  3.                   que assuma filiação em Kiarostami via Rosselini;
  4.                   que destrua as fronteiras da ficção e do documentário;
  5.                   sem actores;
  6.                   com pessoas;
  7.                   que confunda ontem, hoje e amanhã;
  8.                   pobre;
  9.                   que é produzido no improviso e na reacção;
  10.                   da assimetria, da rua, da sujidade, da beleza e de Portugal;
  11.                   que interfere no devir.

Com dedicatória e saudade para o Tiago.


quarta-feira, março 17, 2010

O Sabor do Sapo

Por ser saloio ou por pura contigência da idade, nunca me permiti a gostar de Pink Floyd para lá da fase Syd Barret. Recordo certa noite, em plena frescura universitária, o sabor do sapo que engoli ao reconhecer a grandeza do Meddle, não terá sido particularmente azedo mas ainda assim um anfíbio traqueia a baixo a tornar claro que o após 1967 não era bem aquilo que eu tinha construído na minha cabeça. Foram precisos alguns anos e algumas experiências sonoras em banda para chegar mais perto daquilo que é a expressão fiel da natureza do agrupamento inglês. Dessa aproximação não restou qualquer porção da ingenuidade antecedente. Assim, sem penas. Syd Barret continua a dominar certa parte dos meus sonhos pope, mas o que veio a seguir parte tudo. Verbo Partir, de quebrar.

No quotidiano que percorro agora, invariavelmente deliro com ilusões de Pompeias, Ecos, Cães, Diamantes Marados, Paredes e Lados Obscuros. E Pompeias, Pompeias...

Com dedicatória para Luís Afonso.