quarta-feira, março 31, 2010

O Melhor Álbum Dos Anos Zeros

é este: A Ghost Is Born, em português, Nasceu Um Fantasma - WILCO. 


Está tudo certo neste disco: épicas nostálgicas progressões, canções pope directas, aguçadas e a brilhar, roque lixado desempoeirado pronto para partir todos os vidros de todas as casas, durações animais; e depois as ligações estéticas completamente ao rubro: o country e toda a americana, o vanguardismo de Chicago via Jim O'Rourke (que é o meu produtor preferido), o roque ene role que se fazia sentir em Nova Iorque e em todo o lado.

Ele faz-me improvisar segundas vozes sem eu me aperceber, ele é portador da derradeira verdade da ideia do álbum: um conjunto de canções reunidas num objecto que tem uma capa, uma intenção, e que acrescenta mundivisão. Sim, disse mundivisão.

sábado, março 27, 2010



quinta-feira, março 25, 2010

Expressões Idiomáticas

Nunca perceberei o Hip Hop (circunstâncias de ser católico menino branco), mas há rimas de valor. Rimas com muito valor. Como esta que nunca saiu do meu espírito e cuja permanência por aqui lhe adicionou um carácter proverbial.

Quanto mais o tempo passa, mais hipóteses de ressaca.


Coisas Que Irritam #11

Confundir Humildade com Auto-Flagelação. Quero dizer: aquela linha joão-pedro-pais-tenham-pena-de-mim-que-sou-um-coitadinho.

Coisas Que Irritam #10 (ou das vicissitudes do quotidiano de um rapaz solteiro)

Ser forçado a colocar água no interior do recipiente de modo a conseguir obter mais champô.

terça-feira, março 23, 2010




Equinócio legendado

Não compreendes que a Primavera renova todas as nossas intenções?
Se estivesse unido contigo em matrimónio festejá-lo-ia neste dia.
A sério.

sexta-feira, março 19, 2010

Portugal, Seu Amor

Estar de frente sempre de frente de frente sempre para o mar atlântico! 
(é que o meu amor está no lugar onde me ergui)

Apesar da sua face estar virada para a Europa, este sítio prova a possibilidade de uma compatibilidade ideológica (é que o seu amor está no lugar onde se ergue).

quinta-feira, março 18, 2010

Sou De Um País

encerrado num mistério atlântico.

Panfleto

  1.                   que celebre a vida, um cinema vivo;
  2.                   que não tenha de ser bom, tenha de ser sério;
  3.                   que assuma filiação em Kiarostami via Rosselini;
  4.                   que destrua as fronteiras da ficção e do documentário;
  5.                   sem actores;
  6.                   com pessoas;
  7.                   que confunda ontem, hoje e amanhã;
  8.                   pobre;
  9.                   que é produzido no improviso e na reacção;
  10.                   da assimetria, da rua, da sujidade, da beleza e de Portugal;
  11.                   que interfere no devir.

Com dedicatória e saudade para o Tiago.


quarta-feira, março 17, 2010

O Sabor do Sapo

Por ser saloio ou por pura contigência da idade, nunca me permiti a gostar de Pink Floyd para lá da fase Syd Barret. Recordo certa noite, em plena frescura universitária, o sabor do sapo que engoli ao reconhecer a grandeza do Meddle, não terá sido particularmente azedo mas ainda assim um anfíbio traqueia a baixo a tornar claro que o após 1967 não era bem aquilo que eu tinha construído na minha cabeça. Foram precisos alguns anos e algumas experiências sonoras em banda para chegar mais perto daquilo que é a expressão fiel da natureza do agrupamento inglês. Dessa aproximação não restou qualquer porção da ingenuidade antecedente. Assim, sem penas. Syd Barret continua a dominar certa parte dos meus sonhos pope, mas o que veio a seguir parte tudo. Verbo Partir, de quebrar.

No quotidiano que percorro agora, invariavelmente deliro com ilusões de Pompeias, Ecos, Cães, Diamantes Marados, Paredes e Lados Obscuros. E Pompeias, Pompeias...

Com dedicatória para Luís Afonso.

quinta-feira, março 11, 2010

dois motivos para a circunstância de não estar presente

fúria
mecanismo fabril
recusa em colocar termo a uma disposição 
(própria para batalhar)

 *

fúria
administração febril
recusa em colocar termo a uma disposição 
(própria para cantar vitória apenas e só no momento preciso em que se morre)

sexta-feira, março 05, 2010

Sou de um país

cuja existência é proporcionalmente directa aos navios que coloca no mar.
O navio a vapor era retratado como portador de luz e de rectidão moral, descreve Sven Lindqvist em "Extreminem Todas As Bestas". A citação é transposta para aqui apenas e só nesta medida: que veículo, que monumento, que edifício, que invenção o fará agora? Que representação o fará no futuro? Nenhuma. Já não existem navios no mar.

quinta-feira, março 04, 2010

Meteorologia #7 (Projecto de Vida)

Muita luz a trespassar o manto branco da camada nebulosa que aperta Lisboa. Condição de cidade quase, quase lá, mas como se sabe a metrópole lida mal com tudo o que seja menos que o esplendor. É como o som dos tambores que atravessa todo o Aftermath, caixotes a reverberar num enorme salão de baile, 1966. Projecto de vida: sacar um som de bateria assim em 2010.

terça-feira, março 02, 2010

Possibilidade

que seja impossível estar sentado, viver descansado.
que seja impossível contemplar na margem de um rio.
que não haja nunca paz.
que não se possa passear, imaginar um jardim.
que à nossa volta seja só medo e terror, expectativa de dor.
que seja impossível o mar parado, morrer descansado.

segunda-feira, março 01, 2010

Coisas que irritam #9

Mariza

Panfleto

A Barbárie Começa Em Casa

Rapazes que não se submetem, que não crescem, devem ser tomados pela mão. Raparigas que não se submetem, que não assentam, elas devem ser tomadas pela mão. Um golpe na cabeça é o que levas por perguntar. Um golpe na cabeça é o que levas por não perguntar.

A pedagogia é de Morrissey, deus das flores e dos massacres; a lixada-guitarra-encantada é do Johnny Marr.

quinta-feira, fevereiro 25, 2010

A Invencibilidade do Estado Melacólico Causado Pela Falta de algo

A lgures entre 1990 e 1999 sentiu-se odor a ressaca, bloqueio angst, forças de reacção. Mas, apesar de todas as tentativas, nem os Radiohead conseguiram matar a coisa pope. Das páginas desse comatoso libretto, até 2010 foi um salto, e na duração desse salto renasceu o roque, o apreço pelas formas pope clássicas, a sistemática exploração do imaginário sonoro e imagético de todos os excessos e não excessos dos 1980 e muita, muita criatividade proliferada em dezenas de "cenas", daqui até Brooklyn. Pelo menos foi assim que organizei mentalmente a coisa.

Por estarmos mais sozinhos e porque vamos ficar cada vez mais sozinhos, porque a experiência comunitária se fragmenta e fragmentará cada vez mais, porque os ícones agregadores ou as referências morais, sociais e políticas se vão tornando cada vez mais oblíquas, cada vez mais opacas, cada vez mais passíveis de indiferença, das duas uma, ou isto vai tudo pelos ares ou o caminho que começou em 2000 agravar-se-á. O que, musicalmente falando, pode ser bom. São estas as circunstâncias que geram coisas como os Animal Collective ou o Tiago Guillul, a Micachu ou Os Capitães da Areia. Ainda há algumas peças de fundo de catálogo para explorar no filão 80 e há quem, naturalmente, prefira o conforto de um lugar que já foi habitado ao confronto com a fragilidade daquilo que virá. A nostalgia, magia, doentia prosseguirá, invicta. O futuro atropela-nos, rápido, violento, sem penas, na Internet e fora dela, as canções que povoarão os próximos dez anos serão necessariamente resistência ou cedência a todos estes mal-entendidos. Daí que se espere criatividade, cores e foguetes, excesso na oferta e na forma, exercícios revivalistas. Nos entroncamentos onde se pensa em Português, parece-me que a grande resistência e criatividade estará presente aí, nas palavras e no instinto tropicalista: pegar a coisa, virá-la ao contrário e torná-la nossa.


Pessoalmente, é essa a minha esperança e a minha luta. Aquilo que ainda agora começou tem pelo menos dez anos para continuar. E ressoar.


Mas, na verdade verdadinha, se querem que seja honesto, tudo isto não interessa para nada, o que se espera sempre, seja em que década for, são grandes bandas, grandes artistas e grandes canções capazes de nos arrebatar e transportar para longe. Se é para sermos atropelados, que seja pela música. Até lá.

Isto está disponível no Diário de Notícias de hoje.

quarta-feira, fevereiro 24, 2010

Raça da Verdade

Por falar em Homens-Verdade, aqui vai outro, menos Hipnótico Menino Branco, mais Católico Menino Branco. Jim Carrol e a sua banda-verdade, com a canção-verdade "People Who Died". Gente Que Morreu, em português.

terça-feira, fevereiro 23, 2010

Sou de um país

onde habitam os Homens-Verdade. Os Homens-Verdade são feitos de transpiração, de sangue, de choro. São construídos a partir de lobos. Têm terra nas unhas das mãos que não roem e nas frinchas da testa onde é possível interpretar a existência de luz e outros raios. São Homens que ostentam o nome que Deus escolheu para eles e que não ignoram o peso e a autoridade de um rio. Providencialmente viajam em contramão. Na realidade não são bem bem homens, antes ideias. A primeira delas todas é o Bruno Morgado.

segunda-feira, fevereiro 22, 2010

a parte boa da coisa é o início da Quaresma e a renovação de todas as intenções. Intenção primeira: ser um animal feroz.

Mark Rothko, No. 1, 1964 
a lembrar o período do Carnaval

quinta-feira, fevereiro 11, 2010

rima 

parece ser verdade, essa coisa da saudade
Sr. Joel, Motorista de Táxi

quarta-feira, fevereiro 10, 2010

Coisas que irritam #8

Quando nos servem copos promocionais que não correspondem à bebida que foi pedida.  
Alguém gosta de beber Sumol num copo de Super Bock?

terça-feira, fevereiro 09, 2010

Gargalhada pós-moderna

A certa altura, durante o visionamento do Tudo Pode Dar Certo do Woody Allen, toda a sala se empolga em monumental gargalhada. Na cena em causa, um ultra-conservador  cavalheiro do Sul, apercebe-se da sua homosexualidade reprimida em conversa com um alegre Nova Iorquino, saído directamente do Sexo e a Cidade. É preciso, em primeiro lugar, entender que nos filmes do Woody Allen, existe apenas uma personagem, a sua. O resto dos bonecos que compoem o enquadramento não passam disso mesmo: figuras bidimensionais, estereotipadas, que servem na definição da personagem principal ou no propósito burlesco. Isto tem piada. Mas não foi o factor risível desta construção aparentemente primária que despolotou a reacção. Foi um equívoco, outra coisa que não está ali. Foi o sentimento-vida-moderna-urbana de quem vai ao ginásio (obrigado Francisco pela imagem certeira) e está a par ou compreende a coisa. De quem já topou o que vai dentro de um origami. Desta espécie de holograma do Rhett Buttler. É um estava-se mesmo a ver tão óbvio quanto infantil. Sorte de contentamento ou alívio perante o desconforto da figura ultrapassada. Ah bom, afinal é como nós.
Vi a Fernanda Cãncio entrar para a sala de cinema, não faço ideia se participou ou não da catarse que aqui descrevo.

Da nossa insignificância

Invictus aborda a História como toda a História deve ser filmada, sem intenções virais, pairando sobre a memória. Clint Eastwood filma homens como se filmasse estátuas: na distância, no respeito e no pudor. É assim que se fundam os mitos, quando a forma se verga perante a impossibilidade de transpor a linha que contorna. A História é impenetrável e torna-se inspiradora precisamente por causa desse factor que nos afasta, que nos impede, que nos reduz à nossa insignificância.
vai onde o mar é mais profundo

isto tem a ver com Lucas 5,1-11

sexta-feira, fevereiro 05, 2010

Panfleto

Quando tudo ruir, quando a bomba finalmente explodir, o que é que resta? Resta a língua materna. Hannah Arendt

Evangelho Quotidiano

Hoje a cabeça de João Baptista é oferecida sobre um prato. De que valem os juramentos que cumprimos neste mundo se nos traímos a nós e a Deus? tudo isto e muito mais em Marcos 6,14-29

Revista de Actualidades


Hoje. No Maxime. Uma juventude que marcha.

quinta-feira, fevereiro 04, 2010

Coisas que irritam #8

Dar nomes em latim a coisas de agora.

quarta-feira, fevereiro 03, 2010

Da República em Portugal e dos motivos para celebrá-la


Aqueles sítios em Coimbra onde os estudantes partilham poiso com garrafas de aguardente. O terror e o pandemónio, a desorganização e o poder da bala. O Dr. Soares. Será preciso dizer mais? Será. Repare-se na sequência histórica que sucedeu à morte do Rei D. Carlos. Uma I República do faroeste, 30 anos de ditadura + 30 de decadência. E uma bandeira feia, feia, feia.

terça-feira, fevereiro 02, 2010

Nacionalidade

Achei que era Grego até ao dia em que percebi que era Português. A partir daí tornei-me Romano.

Coisas que irritam #7

Pessoas que utilizam, aleatoriamente ou não, expressões em italiano.

Do meu nome

Na letra F do glossário da edição da Relógio d'Água do Fausto essa das belíssimas ilustrações da Ilda David, surgem algumas pistas acerca do nome que um dia escolhi para mim. Também para me lembrar que tenho de ser um pouco menos diplomático. 
Fúrias - Nome latino das Erínias, deusas da vingança e do castigo. Originalmente jovens e belas, transformam-se mais tarde em figuras terríficas de mulher, com serpentes nos cabelos, olhos gotejantes e baba na boca. 

segunda-feira, fevereiro 01, 2010

Aviso

A nostalgia, magia, doentia prosseguirá, invicta.
Esta frase faz parte de um texto maior, depois mostro.

sexta-feira, janeiro 29, 2010

Meteorologia #6 (ser só mais um)

Às vezes molha, às vezes não. Às vezes encandeia, às vezes não. Tempo certo para adiar decisões, não pensar em nada. Estar à mercê do capricho climático, ser só mais um. Para somar à vida.

quinta-feira, janeiro 28, 2010

Coisas que irritam #6

O dia 1 de Janeiro.

quarta-feira, janeiro 27, 2010

Sou de um País

cujo rumor é passível de ser decifrado no gesto incompleto de certas arquitecturas. Agrestes, pálidas. Na geografia antiga e ingénua que a montanha decidiu. Sem pecado. Que ainda não existe.

terça-feira, janeiro 26, 2010

Nem por acaso

Os Discos Com Sono disponibilizam o duplo single do Clube Naval, Fundação Atlântica, 1983 (bom ano).  Neste mesmo dia começa a empreitada d'Os Capitães da Areia, banda que alegremente irei produzir. O Verão 2010 começa já.

Haverá alegria maior

do que a notícia do matrimónio de um grande, grande amigo?
 
Provavelmente sim, mas ainda não chegou a minha hora.

Meteorologia #5 (como se fosse outro país)

As condições climatéricas apresentam-se luminosas e com temperaturas próprias para o uso de luvas. É assim quando se viaja para uma grande capital do Norte. Anda-se por Lisboa e pensa-se em passar a manhã em museus ou em descobrir roteiros culturais. Anda-se por Lisboa como se fosse pela primeira vez.

sexta-feira, janeiro 22, 2010

Coisas que irritam #5

Passageiros que se descalçam.

quinta-feira, janeiro 21, 2010

Escolho não ser

de um tempo no qual as manifestações com que me deparo no Largo Camões são as de profissionais dos clubes de vídeo contra o download ilegal.

Não é pelo downlolad ilegal, nem pelos profissionais dos clubes de vídeo, mas é que, de facto, escolho viajar para outro tempo.

Anconteceu e foi simétrico

Escadarias no interior de um edifício em Lisboa. Uma de cada lado, confluem para o mesmo ponto. Na da esquerda o Pai, manco, na outra o filho, ágil. Para o mais novo esta descida é uma alegre competição.

Filho - Vou-te ganhar!
Pai - Vou-te perder.

quarta-feira, janeiro 20, 2010

Janeiro

Homens de resistência e fortaleza. Homens que defendem um tempo. Ultrapassados. Homens fiéis que erguem o estandarte da palavra e da tradição. Levá-la-á consigo Clint Eastwood para sempre, provavelmente. Mas a esperança não manca estanca alcança. Esse regresso, algures do futuro.

Janeiro














palavra
amizade
resistência, sim, resistência.

Na cinemateca, em Lisboa, o último dos grandes conservadores, Sam Peckinpah.

segunda-feira, janeiro 18, 2010

Verdade Popular

Tive a manhã toda a ouvir o Martinho. É mesmo assim: desorientados.blogspot.com transformado em canções. O mais desconhecido iconoclasta de Lisboa a revelar verdade popular. Ele La Tiene.

Subsídio

Tenho muitos planos. Tenho muitas ideias. Boas. Tenho muitas coisas aos saltos dentro da cabeça e dentro do coração. Para lá do oceano há terras cheias de riquezas. Só preciso de financiamento.

sexta-feira, janeiro 15, 2010

Mundo prepara gigantesca operação humanitária

Enquanto caminhava pelo Jardim do Império, Belém, uma senhora, enquanto caminhava pelo Jardim do Império, Belém, caiu. Assim, sem mais. Caiu. Alguém vai a andar pelo dia igual e cai. Pumba.

Com certeza que fui ajudar a senhora a restabelecer o equilíbrio e até providenciei uma caixa de primeiros socorros para o sangue que vertia do seu nariz. Fiquei a pensar nisto durante vários dias e contei a história a  alguns amigos. Meia volta recordo o episódio e ainda me faz confusão. Experimentei aquilo à Jacinto Lucas Pires, com onomatopeias e justaposições a unificarem tudo, até porque a situação poderia estar num conto seu: alguém-que-cai-assim-sem-mais-nem-menos. E o terramoto que é.

Alta fidelidade

O Samuel Úria de "Nem lhe tocava" foi crescendo, foi crescendo, foi crescendo. Parece que afinal também tem o dom das epifanias. Alta fidelidade a uma das propriedades que mais me encanta na FlorCaveira. Redimo as baratas considerações e peço um autógrafo.

quinta-feira, janeiro 14, 2010


Não padeço de um modo subtil, e estarei à altura do desejo
 (último, primeiro, não interessa muito).
Fora estas e outras coisas, com Eric Rohmer, 
o que partilho, mesmo, é o apreço pela sazonalidade.
Até um dia Eric Rohmer.

Pessoas que deviam ser palavrões

todas as que o dizem.

Sou de um país

que está mal consigo próprio, logo mal com estes que o bem dizem. Não vai à bola com precipitação, vagas desfavoráveis, desiste e ri-se perante planos de grandeza. Ele exige demasiado e nunca mostrará gratidão. Mas como este país não existe no meu coração, é tranquilo.

quinta-feira, janeiro 07, 2010

Palavras que deviam ser palavrões

A expressão "tuga".

Não cumpri o serviço militar obrigatório

Mas gostaria de combater.

quarta-feira, janeiro 06, 2010

Reis

Tão triste que ardeu dezenas de vezes a mesma canção pela tarde fora. Temendo o ameaçador naufrágio iminente. Mas serena. Vai atrás dela. Não serenes.

terça-feira, janeiro 05, 2010


o rapaz bem tenta

mas sofre de tristeza crónica

o rapaz bem tenta

mas chove sempre dentro do seu coração

o rapaz bem tenta

mas chove sempre dentro da sua cabeça

segunda-feira, janeiro 04, 2010

Velha Aliança

Quando eles pedem Sol, por cá chove; quando estão tristes, nós ponderamos saltar da ponte sobre o Tejo; se estão alegres forma-se nevoeiro na segunda circular; quando a sua amada parte, a nossa parte para sempre.
É assim mesmo, ainda antes do mapa cor-de-rosa, sempre a perder.

Meteorologia #4 (simbiose brit)

Quem melhor que os ingleses para inventarem canções solares perfeitas para dias como este: de Janeiro, de chuva, de amores destruídos.



(vá, fechem lá os olhos e ouçam isto ao mesmo tempo que ouvem a chuva)

Coisas que irritam #4

A palavra "cantautor".

terça-feira, dezembro 29, 2009

Os discos do meu ano (ordem aleatória)





 




Eles São Os Smix Smox Smux / Smix Smox Smux:  A minha adolescência no Vale do Ave revisitada em falsetes, guitarras à pavement e farturas.
Merriweather Post Pavillion / Animal Collective: A rebentar nas colunas do automóvel.
Pata Lenta / Norberto Lobo: Norberto é já para nós um lugar comum.
Discovery / LP: Verão.
Meio Disco / Os Quais: O chiado num fonograma. Qualquer coisa do meio do atlântico. Como se quer.
Os Velhos / Os Velhos: Os Velhos são a melhor banda portuguesa neste preciso momento. Este pequeno disco é isso mesmo.
Split - Te Voy A Matar/O Verão Nostálgico do Tiago Lacrau: O meu Verão.

quinta-feira, dezembro 24, 2009


quarta-feira, dezembro 23, 2009

Sendo mais claro

Como se pode aferir através da leitura d'O Inventor, quem por aqui escreve conduz e é vítima de dependência automóvel - o pudor impede-me que descreva certos percursos que por vezes percorro ao volante.
Ora bem, neste último trimestre de 2009 o autor deste blogue conseguiu lugar para estacionar em Lisboa, nada mais, nada menos do que em todas as horas, zonas e ocasiões. Todas. Por graça comentava com certas boleias que concedia: "O Cosmos ainda fará questão de repôr equilíbrio nisto...".

Pois o Cosmos fez mesmo questão de repôr equilíbrio nisto.
Senão vejamos, no espaço de uma semana:

1. Paguei uma coima de 120$ por não falar ao telefone;
2. Encravei uma Mercedes Vitto alugada numa garagem privativa, arruinando todo o lado direito da mesma;
3. Lixei o meu polegar esquerdo;
4. Fiquei sem gasolina no automóvel a meio de um percurso;
5. Desenvolvi uma úlcera na córnea.















Como dizia, o que me vale é não acreditar nessas coisas.

terça-feira, dezembro 22, 2009

É impressão minha

ou o debate político português é em tudo idêntico àquele das juventudes partidárias há 15 ou 20 anos atrás? O Pedro Adão e Silva confirmou, algures na TSF.

Paralelos

Na Senhora das Rosas da Sétima Legião, o Luís Represas é artista convidado e cantarola com alguma graça na cantiga em causa. Foi há 20 anos, em 1989. Agora no final de 2009 imagino que Os Golpes (banda na qual milito) possam fazer o paralelo (de circunstância para este postal) com a Sétima Legião. Mas e agora quem seria o Luís Represas? A avaliar pela sua última capa talvez o B Fachada, a avaliar pela potência vocal talvez o Samuel Úria, a avaliar pela decadência que se avizinha talvez o

segunda-feira, dezembro 21, 2009

Coisas que irritam #3

Quando o Cosmos resolve transformar a fortuna em má sorte. A coisa Kármika é complicada. O que me vale é não acreditar nisso.

quinta-feira, dezembro 17, 2009

A Sara e a Tristana!




A primeira vez foi quando ouvi a canção com o seu nome no disco do Vini Reilly, Amigos Em Portugal. Nunca as tinha visto, nem adivinhava sequer as suas aventuras pelo lado superficial da vida. Imaginei, logo aos primeiros acordes do piano dos Durutti Column, qualquer coisa loira ao pé da piscina. Um jogo de badmington, a canasta, ou qualquer outra prazenteira feminina actividade de jardim. Tranças sobrepondo o vestido branco de Verão, nossa senhora azul e branca ao centro, sumol de laranja partilhado em temperatura de cor Super 8. Depois pensei poder vir a conhecer as princesas da Fundação Atlântica, trocar impressões e confirmar a ilusão.


A segunda vez foi quando as vi à mostra na capa da FHM. O fascínio já não era pueril e a romatizada construção dinástica Atlântica também morreu aí. Se bem que aquilo que imagino de uma infanta portuguesa esteja muito próximo da robustez física das gémeas E.C.. Eu sou adepto de infantas portuguesas. Dessa anatomia própria para trabalhar o campo.

quarta-feira, dezembro 16, 2009

A Sara e a Tristana...





...acabaram de chegar. Esta mais próxima é a Tristana (imaginem que não é um baixo, mas uma guitarra).

terça-feira, dezembro 15, 2009

Letras de canções e o apelo irresistível do infinitivo -ar, -ar, -ar

Bairro amarelo
encalhado à beira mar
Bairro vermelho
atolado entre a areia e o óleo e a espuma do mar

O Atlântico não serve para sonhar
O Oceano existe só que é para matar

O peixe não cai do céu
puxa-se do mar vem a estoirar

A canalha vai de roda
a jogar e a brincar
sem dor
parto sem dor

segunda-feira, dezembro 14, 2009

Ambiciono

ter discos à venda naquelas caravanas das feiras.

Estradas de Portugal: audácia e espírito conservador.

RR na memória 4 da telefonia.

Uma rima

No almoço em que abusei
Foi o Samuel Úria que citei.

Coisas que irritam #2

Blogues de irregular actualização.

quinta-feira, dezembro 03, 2009

Mundo de Aventuras #2: "De que vale ao homem ganhar o mundo..."


Coisas que irritam #1

Maus acabamentos.

Mundo de Aventuras

Hoje é dia de São Francisco Xavier sj, missionário, aventureiro do Reino. Hoje é dia de memória de grandes aventuras pelo mar e de planos para outras, novas, futuras e impossíveis empresas. Celebremos neste dia a China que nos comanda e espera. Para morrermos às suas portas.


segunda-feira, novembro 30, 2009

"Hoje só dá Samuel"

Não garante violentas comoções ou lixadas epifanias como O Caminho Ferroviário Estreito, nem nos reduz à nossa insignificância como Samuel Úria Em Bruto. A alta fidelidade comprometeu a verité? Provavelmente. Mas Samuel Úria está muito para além destas baratas considerações, sílaba a sílaba, caminhando para a eternidade. Qual Sammy Davis Jr., passo a passo, no plano final do Ocean's Eleven.


sexta-feira, novembro 27, 2009

A Ciência dos Futuros

Com os Modest Mouse, Secret Agent X-9, modesto minuto e doze segundos nos ouvidos, dou por mim a pensar em coisa costumeira: Navegar sem mapa. 

quinta-feira, novembro 26, 2009

Meteorologia #2 (porque o Som e a Fúria diz, também, que "o homem é a soma das suas experiências climáticas")

Espera-se chuva e céu nublado. Limpa-para brisas no máximo ou Inter-Cidades. É tempo de esquecer o Verão. Inconsequente esta última e nostálgica fixação que se fez sentir pelo Verão em 2009. Falo de discos, falo de bandas de roque, pois claro. Mas também falo de crónicas jornalísticas, indumentárias coloridas ou de olhares perdidos. O Outono serve para isto mesmo, esquecer o Verão e assumir o lado agreste da coisa. É tempo de calçar as meias altas, assumir a estação sem receios e tirar partido dela na sua plenitude: agora o mar atlântico é aquele que tormenta.
É certo que não neva. É certo que alguns jovens  com tendências crónicas para a tristeza têm algum medo (e é da maneira que escrevem mais canções). É certo que também me estou a convencer a mim próprio.

A virilidade da fé

 No seu ensaio A Agonia do Cristiniasmo, ed. Cotovia, Miguel de Unamuno, para além de duas ou três baboseiras, como a contracapa certeiramente confere aqui, Quando um jesuíta (...) vos disser que estudou muito, não acrediteis. É como se um deles, porque faz todos os dias 15 quilómetros de percurso dando voltas ao pequeno jardim da sua residência, vos dissesse que viajou muito (desde que Francisco Xavier sucumbiu às portas da China em 1552, que a Companhia de Jesus é, também, tradição de grandes viagens), tem, algumas, distintíssimas pérolas. Atente-se o título do capítulo VI, que utilizo como título deste postal, ou o conteúdo do mesmo logo no segundo parágrafo: A fé ingénua e robusta do padre Jacinto não compreendia que ilusão, recordação e esperança não são três hipóteses, mas uma só, que a esperança é uma recordação e que as duas são ilusões e que a fé é, segundo São Paulo, a substância das coisas que se esperam (Heb, XI, 1). A substância de se ser em português: ilusão-recordação-esperança todos num só  e querer sê-lo o mais longe possível dos mal-entendidos do mundo.




Esperança-ilusão-recordação pessoal a curto prazo: como o Padre Jacinto ou como uma criança, acreditar sem fazer perguntas. Ingénuo e Robusto.

terça-feira, novembro 24, 2009

Algumas notas acerca da cena popular

  1. Os jogos tradicionais, (inventar um desporto de campo português, como o futebol australiano);
  2. O artesanato (cumpri-lo);
  3. Os botins (viagem a Madrid, a ver se a lente do Sartorialist os apanha);
  4. As lutas (jogá-las com os inimigos);
  5. A música urbana (cumprida n'Os Capitães da Areia);
  6.  Tropicais (os jardins e as canções)
  7. As almas (mestiças)

Meteorologia #1 (Simetria)

Sol e frio. Cachecol e óculos escuros. Raçado de Brian Jones.

Hora Zero

E então ele começou a brincar com palavras. 
Um tempo antigo e ele brincou com terra. 
Antes de nós ele regou o quintal com sangue daqueles que matou. 
Não veio para fazer amigos, antes para preparar o caminho.


















Começam agora as aventuras ciberespaciais d'O Inventor.